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Um verdadeiro guia de comportamento e sabedoria canalhas e cafajestes por R$6,00.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

The corote generation




Já há tempos este escriba e suas amigas e amigos companheiros de noitadas temos observado os mais jovens, a 'garotada', a 'galerinha', etc, que grassa pelos bares e ruas consumir mais e mais uma bebida que não é nova, mas cuja popularidade cresceu muito. E sabedores da ruindade desse licor, ficamos curiosos nessas pessoas que o consomem com tanto gosto e passamos a prestar mais atenção a essa 'moçadinha', suas falas, ideias, comportamento, gostos, preferências. E assim, anuncio, não com orgulho, mas com pesar, que identificamos uma espécie de grupo que tomou de assalto as noites das cidades. Não uma tribo específica, mas uma metatribo, vamos chamá-la assim, um grupo que está presente em todos os grupos e tribos, uma patota cujo mau gosto para beberagens indica o nível deles cultural, intelectual, capacidade de entabular uma boa conversa, de usar com fluência nosso idioma.
Com vocês, a geração corote, que faz loas a sua bebida favorita e a considera uma iguaria.
Sim, soa a papo de velho, de tiozão que se sente perdido diante da marcha inexorável do tempo. Assim é a vida e o mundo, cruéis e indiferentes.

Saudações canalhas e cafajestes.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Last Night Feeling







Aos eventuais leitores este escriba ébrio solicita: ouçam as duas canções, com toda a atenção, munidos das letras, e tentem descobrir o significado de ele postar essas duas maravilhas em conjunto nesta tranqueira.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Sinta o poder das trevas te envolver... Descubra, aterrorizado, que ele não vem do além, do distante sobrenatural...mas provem de você mesmo!



Uma certa noite, em que se comemorava um evento histórico para a vida noturna e cafajeste desta cidade, estavam este escriba e seu amigo de décadas e colaborador-mor desta tranqueira encarapitados no  balcão principal do local onde essa comemoração acontecia, o epicentro da festança. De súbito, uma moça, que estava há alguns passos de distância de nós, apoiada no comprimento maior do balcão (estávamos num dos cantos), nos dirigiu um olhar que, suponho, queria ser sedutor e fatal mas não passou de uma olhada destrambelhada de bêbada carente e exalando o aroma de chave de cadeia, de encrenca mesmo; e a moça não perdeu tempo ao perceber que seu poderes hipnóticos não funcionaram: apontou com uma das mãos trêmulas a garrafa de cerveja que segurava com a outra e disparou algumas frases desconexas. Meu amigo, ligeiro e vacinado contra encrencas como nenhum outro canalha que campeia pela noite de São Paulo, deu um sorriso sem graça, falou qualquer bobagem e apontou para sua garrafa. Pois a moça se achegou a ele, com um sorriso ainda mais aberto(leia-se: ainda mais evidente sua bebedeira e falta de modos), ao que ele incontinenti disparou para o subsolo do local.  Claro que eu o segui.
Menos de 30 minutos depois, após vagar pelos ambientes da casa noturna, nos abastecermos de mais álcool e apreciarmos um pouco da música na pista principal, topamos com um velho conhecido nosso, pouco mais velho que nós e um canalha de primeiríssima, claro. Nos cumprimentamos,  e logo caímos no tema mulheres; avaliamos o sortimento do local naquela noite, falamos de algumas conhecidas nossas. Como era inevitável, relatamos nosso encontro com a criatura de minutos antes. Pus-me a descrevê-la com detalhes, enfatizando seus atributos assustadores, até que os olhos de meu amigo se voltaram para algo atrás de mim e se arregalaram, seu rosto congelou-se numa máscara de horror; nosso conhecido olhou para a mesma direção, compreendeu de imediato o que era e também imobilizou-se de pavor. Voltei-me lentamente, já certo do que encontraria e lá estava ela, ao nosso lado, tão ou mais bêbada que antes e o mais aterrador, caros leitores, ela parecia ainda mais desorientada, olhava para lá e para cá sem se fixar em ponto algum, seu corpo oscilava levemente. Como se ela tivesse sido invocada até o local e não sabia o que estava fazendo ali...
Após um longo e tenebroso instante, nós três nos afastamos e a moçoila partiu na direção oposta, em movimentos simultâneos.
Nosso conhecido fez um comentário irônico sobre o acontecido, rimos sem graça, apanhei mais uma cerveja e mergulhamos nas quebradas da casa noturna.
Os caros leitores podem imaginar o horror que este escriba sentiu ao se ver cercado por  uma névoa macabra, o miasma do mal, da treva, o bafo dos seres que grassam pela noite, envolvê-lo? Podem imaginar o espanto que o tomou, ao descobrir que toda essa emanação maligna não veio de um  plano ignoto e pavoroso do além? Conseguem conceber o horror que o dominou, ao descobrir que todo esse poderio das trevas veio dele mesmo, partiu dos recessos de seu ser, animados e convocados por suas próprias palavras?
Dizem que toda mulher é meio bruxa e sem dúvidas os caros leitores já presenciaram e/ou viveram experiências que no mínimo os levaram a considerar uma pouco mais a sério tal afirmação. Pois meus caros, descobrir que se é, um pingo que seja, meio bruxo, ou algo que o valha, é ainda mais pavoroso. Decididamente, brincar com os poderes das trevas é coisa para seres fortes, como as mulheres, e esse pensar sobre esse evento mostra como são superiores e mais evoluídas que nós, homens que nos apavoramos ante a menor manifestação dessas coisas.

Saudações canalhas e sideradas

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - LXXXIX


"Ver a mina desse jeito é a vingança do canalha!"

O colaborador mor desta tranqueira, ao contemplar uma antiga paixonite sua, que lhe deixou na rua da amargura e muito emputecido, mudada em uma criatura disforme: a moça passou, em poucos anos, de uma beldade que fazia todos os homens ao redor saírem do sério para uma baranga gorda, mas gorda mesmo, deformada. Topamos com a criatura - que aparentemente, fingiu não reconhecer-nos - em nosso porão favorito. E caros leitores, o deleite, o sabor de vingança que meu amigo degustava vazava de seu olhar como raios de força. E este escriba, que acompanhou de perto essa história e testemunhou o quanto ele pastou por causa da 'moçoila', compartilhou com ele essa alegria.

Saudações muito canalhas e cafajestes.

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Desprezo, um raro e doce prazer


Este escriba compareceu, recentemente,  há um evento, digamos, cultural, ocorrido no Centro da cidade, há algumas semanas - não darei mais detalhes para não fornecer pistas sobre minha identidade. Cumpre informar, tão somente, que o evento era capitaneado por velhos e queridos amigos deste sujeito que vos escreve e o público presente era, em boa parte, por mim conhecido de outros eventos assemelhados e das noitadas vividas no meu porão favorito, tantas vezes citado nesta tranqueira.
Estava este sujeitinho acompanhado de uma dama deveras formosa e interessante, com a qual ele tem travado relações sentimentais/carnais já há algum tempo, com grandes deleite e alegria, aliás. 
Pois bem, em meio ao frenesi de música, bebida, conversas, encontro um conhecido, também frequentador desse porão, o qual não via há tempos e que estava em meio a uma roda bastante animada de outros rostos conhecidos da noite. E quem pontuava ali? Nada menos que a musa mais que questionável que por mais de uma vez, na pista de dança do citado porão, achegou-se a esse sujeito, dançou ao redor dele, fez caras e bocas e quando ele se aproximou-se: ha!! cara de virgem violentada, mãos em gesto defensivos e se afastou ofendida. E claro que este idiota deixou passar e na vez seguinte caiu no mesmo joguinho e também na vez seguinte da seguinte...Já fiz uma postagem meio elíptica sobre essa 'dama', há alguns meses,
Mas como diz um grande amigo, colaborador frequente do blog, "nóis é burrinho, mais uma hora nóis aprende!"E o momento do aprendizado não poderia ser melhor: reconheci a sujeita na rodinha e de vez que a moça que me acompanhava é muito, mas muito mais bonita e interessante (não vou nem cometer o desplante de comparar caráter de ambas; musa questionável, sem trocar uma palavra, já mostrou ser desprezível), não tive um rasgo de dúvida ou vacilo: me aproximei da roda, cumprimentei todos, fui mais efusivo com meu ex-companheiro de noitadas, para o qual apresentei minha acompanhante com peito empinado e voz cheia. E não dirigi um único olhar ou palavra para musa questionável. Em seguida me afastei do grupo, sem dirigir um mísero olhar àquela criatura.
Sim, vocês mulheres são e sempre serão superiores a nós homens, mas nunca, nunca, nunca subestimem o desprezo e indiferença que um homem pode dispensar a vocês, minha caras!
O desprezo que um homem vivido pode dirigir a uma mulher porventura é do mais acre: frio, até mesmo descuidado, como se a criatura em questão não existisse, fosse um nada a enfeitar o vazio, que o homem não desdenha de modo calculado, mas simplesmente não percebe que existe.
P. S. : meu amigo e colaborador da tranqueira, ao saber do relato, sugeriu uma ótima ação, quando topar com a sujeita no porão novamente, o que certamente ocorrerá.  

Saudações canalhas e cafajestes

sábado, 24 de novembro de 2018

Texto curto, fútil, inútil, mas muito sincero e verdadeiro

A criação, criar arte, a criação literária em especial, é um dos maiores deleites, uma das maiores experiências extáticas que nós humanos podemos experimentar! Somente os prazeres sexuais e da embriaguez a superam!

E não peçam explicação alguma, como sempre! 

domingo, 18 de novembro de 2018

Uma calmaria na tormenta da vida de um homem

Os caros cinco ou seis leitores fieis desta tranqueira lembram-se de um amigo deste escriba que já protagonizou postagens várias? O homem divorciado, pai de dois filhos, que percorre périplos infindáveis, parece se multiplicar em vários, vai e volta cidade afora(e por vezes, fora dela), se esfalfa, tudo isso para dar atenção tanto a sua prole quanto a sua eventual companheira/namorada/companhia? (Uma explicação para o adjetivo 'eventual': ele frequentemente se vê sozinho, sem nenhuma mulher a seu lado, com exasperante frequência, se dá maior atenção aos filhos por uma tarde que seja, as mulheres que passam em sua vida não titubeiam em partir com a maior tranquilidade, se se sentem 'preteridas'.)
Pois bem, esse verdadeiro Ulisses do mundo contemporâneo está já vários meses relacionando-se com uma moça que tem mostrado, até o momento, grande compreensão para com a 'vida dupla' do rapaz; compreensão que claro, inclui sim momentos opostos, de ciúme e tensão, mas ambos estão resistindo bem. Porém, os feriados, notadamente os prolongados, são sempre temidos por ele, a ponto de, contrariando o comportamento tipicamente brasileiro, ele não se empolgar com os dias de descanso vindouros, e sim encher-se de apreensão, pois mais de uma vez alguma mulher o abandonou, sem vacilos, porque descobriu que não o teria todinho para ela e somente ela, que teria de dividi-los com os filhos que teve com uma 'vagaba qualquer'.
O relacionamento com essa atual mulher passou(neste momento exato passa) por uma fase de tranquilidade tal que o sujeito está desconfiado e com as orelhas e olhos atentos, esperando a tempestade que pode se abater sobre a qualquer momento. Desconfiado ao ponto do pessimismo, ele me ligou e pediu para marcar uma cervejada, para contar uma novidade, o que topei de imediato, claro.
A notícia que ele me deu, com uma alegria e entusiasmo cintilantes e intensos como o de um adolescente que vai passar um fim de semana sozinho em casa e recebe 'sim' da  garota linda, gostosa e popular do colégio para passar uma tarde com ele, na alcova, foi que simplesmente, para esse  longo feriadão que se desenrola em São Paulo, nestes dias, ele programou uma divisão de dias, horas, de tempo, de vida a serem dedicadas à namorada e filhos e - incrível, maravilhoso, inacreditável!! - todas as pessoas envolvidas (namorada, filhos, mãe destes) aceitaram sem reclamações ou protestos, ninguém se acusou desprezado!!!!!
Fiquei tão feliz e incrédulo quanto ele, brindamos, bebemos, celebramos e ele terminou com essa observação:
' - Cara, espero que isso não seja uma brincadeira do destino comigo, um desvio na linha temporal que será depois apagada sem dó; que isso torne-se constante, a linha dominante do continuum espaço-temporal em que estamos!!'

Torço muito por isso.

Saudações canalhas e cafajestes

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O fim chega para todos e tudo

Tentei demovê-lo do intento, pois seu blog é um compêndio de sabedoria canalha como pouquíssimos - mais de uma postagem do Noites Cafajestes foi inspirada em postagens do blog em questão; cheguei a conversar com ele frente a frente, em um bar qualquer do Centro, durante uma beberagem, na vã tentativa de convencê-lo a não encerrar as atividades dele de pensador e escriba da vida masculina canalha e cafajestes (e caros leitores, aviso que o rapaz em questão tornou-se arredio e recluso, e no entanto, aceitou meu convite de pronto).
Mas tudo foi inútil: o grande Chuck resolveu dar termo a seu grande blog E Ainda me Chamam de Canalha..., por razões particulares que devemos respeitar. A última postagem data de praticamente nove meses (ô numerozinho cabalístico e assustador...). Esperei, esperei que ele mudasse sua decisão, insisti mais um pouco. Como a decisão por fim tornou-se sólida e definitiva, esta postagem é uma homenagem a este grande centro de sapiência, que felizmente continua (e continuará, segundo o criador) disponível para consultarmos e fornecer norte  e luz para nós homens, após cometermos as trapalhadas e as infantilidades de sempre, noites afora, durante nossas buscas pelos favores do 'belo sexo' (termo emprestado do grande H. R. Giger). Não haverá mais novas postagens, uma pena, mas assim é a vida: tudo termina. Segue abaixo link da última postagem do blog em questão, uma despedida simples e muito elegante, coisa que só um verdadeiro canalha sabe fazer:


Despedida


terça-feira, 30 de outubro de 2018

Mulher, esse ser tão maravilhoso e superior


Há muitos anos ouvi de alguém, em algum lugar e situação que já me fogem dessa combalida memória, que quando um membro de um casal morre, é interessante notar a reação inicial do outro, o sobrevivente que enviuvou e principalmente a posterior, como ele/ela reage logo após a morte do cônjuge e como reage mais adiante, um ou dois anos depois. Segundo essa pessoa, que mostrou grande sabedoria, a reação posterior é bem diferente, de acordo com o sexo/gênero. Ambos, homem e mulher, claro, sofrem, se enlutam, passam um tempo considerável curtindo a dor e se anestesiando com as memórias. Mas eis que passado o lapso de tempo do luto cada um reage de forma diametralmente oposta: as mulheres, as viúvas, muita da vez - não todas, claro, e não em todas as situações - passada essa fase mais dolorida, desabrocham, se libertam, passam a fazer  coisas que nunca puderam antes, ficam mais plenas e livres; já os homens, ao perderem sua companheira ficam perdidos como um cachorro no meio de uma via expressa, sem rumo, sua vida deteriora, se submetem às piores influências.
Pois bem, dado que não sou mais um mancebo já há tempos, está cada vez mais comum receber a notícia de pais, tios,etc de amigos baterem as botas e também já ocorreu, claro, de ver parentes meus deixarem este mundo podre. Observando o comportamento de algumas dessas pessoas que enviuvaram  recentemente - algumas delas, muito próximas  a este escriba - essa peça de agudeza voltou, enterrada que estava nas masmorras fundas da memória, e se mostrou totalmente correta: os homens, ao perderem a esposa ou companheira de fato, viram uns bichos no sentido mais ofensivo da palavra; já as mulheres, assim que assimilam o golpe, crescem como seres incríveis que são. Isso, para este sujeitinho, só prova como elas são tão superiores a nós machos desprezíveis, e que nos agraciam com sua luz e magnificência.

Saudações canalhas e cafajestes

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - LXXXVIII - Incorreição Política e Chauvinismo abertos - atenção!

"Mulher bonita nunca passa dificuldade em situação alguma; alguém sempre ajuda, e como ajuda. Mulher feia tá perdida; ninguém estende um dedo quando a coitada tá na roça, por mais simples que seja o problema!"

De um amigo de vários anos, sua primeira(e esperamos, primeira de várias) contribuição a esta tranqueira.

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - LXXXVII

"Certos lugares  da noite de São Paulo - bares, casas noturnas - parecem verdadeiros ninhos de dragões."

Este escriba, ao perscrutar uma porção de pontos da noite paulistana, em pleno bairro do Bixiga, acompanhado de um grande amigo, parceiro de canalhices e colaborador desta tranqueira, ambos estupefatos com a aglomeração de criaturas do sexo feminino repulsivas que fervilhava em um curto trecho da famosa Rua 13 de Maio.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Como um dono de bar deve se portar

Esta é menos que uma história, é o registro de uma cena, um acontecimento fugaz e pequeno ocorrido na noite, mas saboroso, divertido e humano mais que o bastante para ser guardado neste blog, que possui em seu acervo tantas tranqueiras menos ricas e dignas de serem registradas, então vamos a ele.
Já  revelei aos bravos leitores que fui elevado à categoria de frequentador preferencial, de elite, de 'patrimônio histórico' de um bar da Rua Angústia(será que esse trocadilho rasteiro ainda funciona? Os bravos e poucos leitores certamente já deduziram o real nome da rua há tempos, certo? Bem, que isso fique para outra ocasião). Pois bem, claro que há outros membros dessa elite etílica notívaga desse ilustre ponto da boêmia paulistana e claro que para ser membro dessa elite é obrigatório travar relações de amizade, mesmo que limitada aos encontros noturnos  nas mesas do bar,  com os demais membros.    
Em nosso último encontro, nós, os não mais que cinco membros dessa elite assim nomeada pelo dono da taverna, passamos a relembrar histórias recentes e outras nem tanto que vivemos no próprio bar, daí cada um passou a relatar quando e em que circunstância conheceu o local e passou a frequentá-lo. Sou o segundo mais novato do grupo, conheci o bar em meados de 2012, já o decano da turma é habitué há pelo menos vinte anos, e foi ele quem nos proporcionou essa pitoresca historieta:
Era alta madrugada de uma noite em que a Rua Angústia fervilhava, em uma época em que as damas da noite, as mulheres da vida, eram ainda mais numerosas e chamativas nas calçadas da Angústia que nos tempos atuais; várias delas paravam no referido bar para beber algo, engolir uma dose de café misturado com conhaque vagabundo, enfim fazer uma pausa de sua labuta sexual. Uma dessas damas noturnas era tão frequente no bar que praticamente todos os outros frequentadores a cumprimentavam e papeavam com ela, tratando-a como velha conhecida, e conhecer melhor nosso amigo narrador dessa história ela quis, conhecê-lo biblicamente... Ele se interessou pela coisa, afinal, segundo descreveu, a moçoila em questão era bastante atraente, mas, cauteloso e desconfiado como era, resistia a se engraçar com uma profissional do ramo ali, em plena noite e balcão de um bar em que conhecia e era conhecido por quase todos. E ainda por cima, não portava preservativos no bolso, pois fora ao bar apenas para uma cerveja rápida, se esquecendo dos ótimos imprevistos e acasos que a vida por vezes proporciona.      
Mas é claro que sua parca resistência foi vencida sem dificuldade pela moça e seus encantos. Nosso amigo entregou-se a seu prazeroso destino mas enquanto trocava as primeiras e ainda pudicas carícias com a bela dama, perguntava-se como faria para conseguir o apetrecho do sexo seguro; eis que o dono do bar surgiu a sua frente, com uma camisinha em punho, que passou ao herói dessa história sem dizer palavra e voltou para a parte de trás do balcão. 
Mas uma coisa encafifava nosso amigo: o nome da dama da noite. Passados quase quinze anos, se desvaneceu como a fumaça de uma tragada de cigarro se perde no ar noturno. Pois nesse exato momento, o dono do bar passava por nós; ele não teve dúvida: chamou-o e ao relembrou a cena, no que Zé(nome fictício, claro), respondeu no ato:  
- Ah, a R**!!!
Nos encaramos e caímos na gargalhada, pasmos com a facilidade e convicção com ele lembrou-se do evento e do nome da moçoila. 
Após mais risadas e os comentários bobos de praxe, fiz a observação:  
- Cara, é por isso que você está no ramo dos bares noturnos há trinta anos e é tão respeitado e benquisto. Você trata os bons clientes da forma que eles merecem ser tratados,  isso que você fez é o que todo verdadeiro boêmio espera de seu bar favorito!

Saudações  canalhas e cafajestes

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - LXXXVI

"É momento de renovar não votos de porra nenhuma escrota como casamento, mas de renovar o conselho que dou a vocês regularmente: jamais se casem!!!"

Este escriba, como sempre bêbado mas lúcido,  repetindo seu mais frequente conselho a seus amigos de verdade, durante uma conversa, em um bar sujo e atraente qualquer do Centro, em que  caímos nesse tema pesado, macabro, maligno, sombrio e repelente  que é o casamento cristão-burguês-monogâmico, conversa durante a qual ele lembrou, entre risadas, que era' hora de renovar não nenhum voto ridículo de amor e fidelidade eterno, mas sim, renovar o aviso para que vocês não cometam essa burrada,ha ha ha!!'

Saudações canalhas e cafajestes   

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Uma porção de sabedoria de um dos mais sábios homens que já viveram




Trechos selecionados de Totem e Tabu, uma das maiores obras de um dos maiores pensadores que a humanidade já teve em suas fileiras, Sigmund Freud:

"Sem sombra de dúvida, a evitação mais difundida e rigorosa (e a mais interessante, do ponto de vista das raças civilizadas) é a que impede as relações de um homem com a sogra.(...)
Como sabemos, as relações entre genro e sogra são também um dos pontos delicados da organização familiar nas comunidades civilizadas. Essa relação não está mais sujeita a regras de evitação no sistema social dos povos brancos da Europa e da América, mas muitas discussões e desentendimentos poderiam freqüentemente ser eliminados se a evitação ainda existisse como um costume e não tivesse de ser recriada pelos indivíduos. Poderá ser encarado por alguns europeus como um ato de alta sabedoria por parte desses selvagens terem impedido inteiramente, através de suas regras de evitação, qualquer contato entre duas pessoas colocadas em relação tão chegada uma com a outra. Quase não comporta dúvida o fato de que alguma coisa na relação psicológica da sogra com o genro cria hostilidade entre eles e torna difícil a convivência. Mas o fato de que nas sociedades civilizadas as sogras sejam tema constante de piadas parece-me sugerir que a relação emocional em jogo inclui componentes nitidamente contrastantes, ou seja, acredito que esta relação seja na realidade uma relação ‘ambivalente’, composta de impulsos conflitantes afetuosos e hostis."

E ainda há quem critique o grande austríaco criador da psicanálise e considere os povos 'selvagens' 'atrasados' e 'primitivos'...

Saudações canalhas e cafajestes  

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Uma banalidade, uma dura conclusão


O evento que disparou a conversa que resultou na observação a qual é razão desta postagem é indigno de umas poucas linhas, uma ocorrência prosaica e banal: dois sujeitos trocam ofensas e empurrões, em um bar da Rua Angústia, porque disputavam quem escolheria a próxima sequência de músicas na jukebox que reina nos fundos do estabelecimento... Após a previsível intervenção dos demais notívagos, os dois se afastam, trocando ofensas e olhares. Seria o fim de mais uma briguinha breve idiota em uma noitada qualquer em São Paulo, mas um dos envolvidos é habitué do bar, um sujeito lá pelos quarenta anos de vida, sempre acompanhado de uma mulher que parece rondar a mesma idade. E foi essa moça - não mais tão moça - a disparadora da reflexão que o dono do bar, com quem este escriba conversava antes e depois da pequena confusão, elaborou, reflexão que merece ficar registrada nesta tranqueira. 
Disse ele, do alto de seus vinte cinco anos trabalhando na noite, após certificar-se que a animosidade entre os dois machões vertendo testosterona se encerrara: 
- Na verdade, a razão dessa briga é dor de corno, ou melhor, medo de ter dor de corno. Esse cara sabe que essa mina que sempre tá com ele aqui não é e nunca vai ser toda dele, ela dá mostras que está com ele por estar, para não ficar sozinha e se divertir um pouco. Já reparou como ela olha para os homens aos redor, mesmo com ele ao lado, estica o olhar e sempre tem um sorriso nos lábios? Se aparecer 'algo' melhor, ela larga dele na hora, e ele cada vez mais percebe isso; daí essa necessidade de brigar, de se mostrar 'mucho matcho'. Triste isso, meu amigo... 
Enchi o copo com mais cerveja, tomei quase de um só gole e pus me a pensar nessa acurada observação, que me levou a uma velha e persistente ideia que regularmente volta à baila: como há tantas e desesperadas mulheres nesse mundo que ainda procuram o tal do príncipe encantado, continuam a acreditar nessa fábula nociva, mesmo já entradas em anos e supostamente mais sábias e céticas. Mas não, elas insistem: mesmo que se divirtam a rodo com os 'sapos' e 'vilões' que abundam mundo afora, guardam secretamente - não muito secreto, e eis a razão dessa esperança ser patética: quanto mais avança a idade dessas moças, mais desesperadas e bandeirosas elas se tornam nessa busca - a esperança que o 'príncipe', o 'varão', salvará suas pobres vidas, que ele surgirá resplandecente em um corcel(leia-se carrão) na mais próxima esquina movimentada. E essa busca cada vez mais insana leva a mais e mais agruras, tanto para elas quanto para os homens que cruzam seus caminhos, o que leva à inevitável conclusão: a crença no amor romântico tradicional, no casamento, na relação eterna, etc, etc, é uma peste que se abate sobre todos, homens e mulheres, vítimas que não se reconhecem nessa confusão de solidões, desejos e incompreensão.

Saudações canalhas e cafajestes

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Reflexão amarga, certeira, curta e grossa

A capacidade que nós homens temos de empestear com mal estar, ressentimento e rancor um relacionamento com uma mulher, principalmente quando este vai bem, quando ela é o tipo de mulher que merece odes e mais odes, flores a seu pés e tudo mais de belo, é de nos fazer os mais vis e imundos seres rastejantes de esgoto.

P. S.: Não peçam explicações, como sempre! 

domingo, 12 de agosto de 2018

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - LXXXV

"Quem acredita no casamento não merece ser feliz, merece sim é sofrer muito."

Este escriba, alcoolizado e muito lúcido, em um bar qualquer do Centro de São Paulo, na última alta madrugada.

sábado, 4 de agosto de 2018

Pensamento canalha

Estávamos este escriba e o colaborador mor desta tranqueira em nosso recanto noturno favorito, nosso porão escuro do Centro definitivo e eterno, encostados no balcão, observando o mulherio local a desfilar. Dado o número de mulheres na flor da idade, mocinhas, ninfetas, garotas na faixa dos vinte anos que abrilhantavam o local, nos pusemos a divagar sobre essas criaturas adoráveis e como elas estão se tornando cada vez mais difíceis, progressivamente inacessíveis a quarentões canalhas grisalhos como nós, nos perdemos no assunto até lembrarmos de um conhecido nosso, um sujeito que se mostra louquinho para cair na gandaia, se perder na noite, e que quer fazer tal ato louvável 'assessorado' por nós (leia-se, nos seguir em uma noitada, ser conduzido por nós na zoeira noturna) pois nos considera mestres da canalhice e da vida noturna; porém como bom casado reprimido e acovardado, nunca concretiza o desejo, devaneia como seria bom e incontinenti busca desculpinhas patéticas para não fazer o que tanto deseja, inclusive arrebatar meninas pouco mais velhas que sua filha adolescente, o cara estremece de horror e de fascínio ante essa ideia, a ponto de, segundo meu amigo colaborador mor(que é vizinho de baia, no trabalho, do canalha enrustido em questão) ter formulado uma pérola típica de homem decente consumido pelo desejo de mandar moral, bons costumes, etc para o espaço, pérola que é o centro e razão dessa postagem, e foi citada por meu amigo, durante nossa conversa, enquanto admirávamos as meninas.Sintam o drama, leitores!
Segundo esse homem infeliz e domesticado, se você, homem canalha, cafajeste, pilantra, mau caráter, pretende ter um contato carnal com uma mulher na faixa dos vinte aninhos e tem uma filha pouco mais jovem que ela (como ele), deve fazer a seguinte conta, antes de consumar a ação: pegue a idade da moça desejada em questão e some com a idade de sua filha. Se o resultado for inferior ou igual  à  sua idade, fique na sua, é canalhice da mais reprovável arrebanhar a pobre mocinha em questão!
Que tal essa, leitores???Quá quá quá!!
Pois meu amigo canalha, sábio que só ele, fez a contraparte perfeita a esse raciocínio pueril:
- Claro que isso só vale até a quarta cerveja da noite, daí em diante, foda-se, vale tudo!!

Saudações canalhas e cafajestes  

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Barbie Rivotril

Encontro, durante minhas merecidas férias, um amigo de muitos anos, colega de faculdade que, a despeito dos inegáveis pendores canalhas, pouquíssimo contribuiu para esta tranqueira; lacuna devidamente preenchida pelo relato com que me brindou enquanto tomávamos um café no Centro da cidade, em cafeteria sugerida por ele, dada a beleza e opulência física, digamos assim, da moça do caixa do estabelecimento...
Pois bem, entre um relato e outro de nossas canalhices, ele contou uma história das mais interessantes, uma vez que além de exemplar, instrutiva, é protagonizada por uma amiga nossa em comum, que quando jovem foi uma beldade daquelas, um mulherão que enlouqueceu os homens por onde passou, viveu e trabalhou. 'Foi', porque, como o caro leitor deve saber, o tempo é cruel, a ponto de meu amigo ter dado a ela durante o relato, além do apelido que nomeia esta postagem, outro igualmente perspicaz, a ponto de me causar sérias dúvidas sobre como intitular esse texto: uva passa histérica.
Acontece que essa moça e meu amigo, há coisa de muito tempo, quase duas décadas para ser exato, tiveram um lance, um caso que só não evoluiu para algo mais intenso e duradouro porque ela não quis; linda, leve, livre e solta, queria curtir sua juventude da melhor maneira possível, sem nenhuma amarra(não, não há censura alguma implícita nesse último trecho), assim, após algumas noites tórridas com ele, seguiu com sua vida e de-sa-pa-re-ceu da vida de meu amigo(que estava passando por problemas muito sérios mas conseguiu refazer-se de modo heroico e exemplar).
E quase duas décadas se passaram.
Eis que, já nos estertores de 2016, a moça reaparece. Onde, onde? No bendito feicibuk, é claro!! Simplesmente pede para meu amigo adicioná-la (descobrimos, confrontando informações, que o pedido dela para me adicionar foi quase simultâneo. Nos encaramos e especulamos: qual seria a intenção dela? Pode nos chamar de chauvinistas, somos é calejados e desconfiamos das intenções das mulheres, principalmente das mais vividas e rodadas).
Conversa virtual vai e vem, marcam para beber algo. O que acontece nesse primeiro (re)encontro é previsível e assim indigno de registro detalhado; a coisa começou a ficar interessante no segundo encontro: ela fez questão de escolher o lugar - ah, essas afirmaçõezinhas simbólicas e pueris  de poder a que nós ridículos humanos somos tão afeitos! - e foi para cima: tinha terminado um relacionamento de mais de dez anos, em que morou junto, etc, etc, estava numas de refletir, rever a vida (a típica tentativa de papo cabeça dela sem substância, que nós dois conhecemos tão bem), e claro, fustigada pela solidão, os quarenta anos já para trás, fez o que muitas mulheres quando acometidas por essa neura fazem: vão em busca de algum cara que foi gamado por ela em tempos idos, quando era linda e gostosa - a segunda narrativa do livro de contos que nomeia esta joça trata exatamente desse tema! - para quem sabe reatiçar o encanto que tinha sobre ele, quem sabe fisgá-lo de novo e assim se sentir linda, gostosa, poderosa de novo.
Mas o meu amigo, frio, impassível, calmo, com seu olhar respondeu: não contava com minha astúcia de canalha!! Acham que ele caiu na dela assim tão fácil e franguinho, como ela supunha? Ha ha ha ha!!!
Ele a tudo ouviu, fingiu ser receptivo, aceitou os beijos que se ofereciam, pairavam no ar, lânguidos... e um pouco depois anunciou que não estava disponível para enlaces, pois já está há uns bons pares de anos envolvido de maneira profunda com uma mulher que o faz muito feliz.
Ela não se fez de rogada nem perdeu a pose, afinal era mais que previsível que o cara tivesse seguido em frente e cuidado da própria felicidade: reagiu com estudada naturalidade, deixou a conversar fluir naturalmente, até que pouco antes de se despedirem, pediu para marcarem um terceiro encontro, o qual ele aceitou, por pura curiosidade e intuição que ainda se divertiria muito com isso!
E lá foram eles para o terceiro encontro a dois, novamente em 'point' escolhido por ela, que também tratou de mostrar a ele seu local e trabalho e bares 'descolados' que ela frequentava(afirmo com  conhecimento de causa: isso é a cara dessa mulher! - e de muitas outras, desgraçadamente).
Então, caros leitores que acompanharam a arrastada epopeia até  esse trecho, eis o clímax da história: a mulher(chamá-la de garota seria uma impropriedade) de classe média arrumadinha e benfeita como uma boneca surtou e desandou a disparar queixas e acusações contra meu amigo! Disse que acompanhava as postagens dele no maldito 'feici' e que, dado ele ser um esquerdão declarado (como eu, aliás), perguntou como é que 'poderia apresentá-lo aos pais dela?' (Sim, caros leitores, isso mesmo: a mulher pirou por completo. Além de falar como se eles fossem noivinhos a trocar arrulhos e cicios de amor em um enlace eterno, uma pessoa já entrada em anos se preocupando com a opinião de seus papais!!). Ele perdeu a paciência(convenhamos que aguentou muito!) e desferiu a resposta devida. Ela rebateu com outra pérola:
- Cara, não tenho tempo a perder, não posso ficar de nhem nhem nhem com você, já estou com mais de 45 anos!
Ele a brinda com um sorriso para lá de 'cafa' e sarcástico e dispara:
- Eu também estou com 45 anos e também já passei dessa de perder tempo em aventurinhas...
O fim desse reencontro? Ora, é claro que não se viram nem se falaram mais, ela sumiu do mapa de novo(segundo ele, ela lhe fez uns acenos no mundo virtual, bem discretos, tempos depois) e ele seguiu em frente, com sua amada sempre a seu lado, convicto e  seguro de si, como só a prática da canalhice contínua e sistemática e os anos conferem a um homem de verdade, que não se acovarda nem nega sua verdadeira natureza.
E assim, mais uma mulher de meia idade passou a vociferar contra os homens, esses 'pilantras' , 'imaturos' e 'galinhas que não querem nada sério', pela noite e bares, mas é claro que sempre, sempre, mantendo, de modo muito sub-reptício(assim elas acham!!) sua busca por um príncipe encantado.

Saudações canalhas e cafajestes!



 

sexta-feira, 20 de julho de 2018

A eterna e insuperável sabedoria feminina

Imagem pintada em um muro no bairro do Bixiga, região central de São Paulo, registrada na última tarde.




As falas:
Ele:- te amo demais!
Ela, sábia como todas as mulheres de verdade: - Vamos superar isso!


sexta-feira, 29 de junho de 2018

Last night feeling (ou texto curto, fútil e inútil)

Este escriba, como bom raulseixista que é, ontem acorreu para o bar do Centro em que uma apresentação de um dos melhores grupos 'cover' do grande Raul que tocam por estas plagas ocorreria, para comemorar o aniversário de nascimento do maluco beleza. Me furtarei de dar maiores detalhes da catarse coletiva extática indescritível que foi. Registro somente um momento mágico e misterioso, percebido por mim e vários dos presentes:
Estava o grupo executando a composição abaixo de Raul, quando percebemos que o canal de rock clássico da net do bar, que estava projetado no telão de fundos, mas com o som devidamente desligado, executava a canção de Ozzy Ousborne mais abaixo:





Convenhamos, místico e assustador

Saudações canalhas e cafajestes

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - LXXXIV

"O álcool deveria ser mais realista."

Frase poética, de tão brilhante, bela e certeira, que diz tudo com o mínimo de palavras, como os textos poéticos, não importa a forma no qual se manifestam, fazem.  Dita por uma amiga que não via há tempo, que encontrei por completo e feliz acaso em um dos últimos redutos do rock´n´roll que sobrevivem na Rua Augusta. A moça disparou  o concentrado de sabedoria durante uma conversa vai conversa vem, em que nós relembrávamos, entre risadas que encobriam puro arrependimento e vergonha, noitadas nas quais nós hã... laçamos criaturas nada apetecíveis, graças ao álcool, sempre essa substância maldita e bendita, e que segundo ela, deveria ser menos enganadora e mostrar a realidade tal qual é, ao menos no que diz respeito aos dotes físicos (ou falta de) das pessoas do sexo oposto com que esbarramos em nossas peregrinações noturnas.

Saudações canalhas e cafajestes

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Descobertas feitas em mesas de bar e registradas em guardanapos - LXXXIII

"Mulher é como laranja, em qualquer lugar se arranja; homem é igual cachaça, em todo lugar se acha."

Seu Julinho, seresteiro, pai do grande Toninho do Diabo(que me transmitiu em pessoa essa pérola de sabedoria e vivência).

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Texto curto, fútil, inútil, mas verdadeiro

Sábado à noite, este escriba canalha tem a honra de receber em seu buraco uma dama que até então resistia aos convites dele para conhecer seu modesto lar, embora, curiosamente, ela franqueie a ele  acesso  a sua alcova sem dificuldades. Enquanto enche lentamente a taça da moça com o vinho escolhido com todo cuidado, ela dispara:
- Você quer me embebedar?
Surpreendido pela pergunta inesperada, ele para o movimento e encara a moça, que responde com um olhar faiscante e irresistível de seus olhos verdes e conclui:
- Por favor, me faça ficar bêbada...
O que um pobre canalha pode fazer, a não ser atender ao pedido de uma linda loira de olhos hipnóticos? Pois como sempre digo, o desejo de uma bela mulher é o nosso destino, que devemos abraçar com todas alegria e ardor possíveis.

Saudações canalhas e cafajestes

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Some recent amazing nights feeling



Soa a filosofia barata de botequim, papo de pseudo pensador rebelde meio inculto, a adulto de meia idade posando de adolescente ainda cheio de energia. É tudo isso e muito mais, é celebrar a vida enquanto ela ainda é banhada por energia, celebrar as noites e tudo que trazem a nós, que as vivemos de modo inconsequente, como deve ser. E segue a letra desta obra-prima, pois este escriba está alcoolizado e inspirado:


No Surrender

You know that life isn't set
I lead the pack I ain't no pretender
You give as good as you get
We live and die cause there's no surrender
Chasing a dream as I go higher
Playing it mean, my heart's on fire
Living my life, ain't no pretender
Ready to fight with no surrender
You know the way that I feel
If you're with me you better hold on tighter
I'm only keeping it real
That's who I am, I'm just a non-stop fighter
Chasing a dream as I go higher
Playing it mean, my heart's on fire
Living my life, ain't no pretender
Ready to fight with no surrender
Run out of road
The end of the days
Not for the weak
Only the brave
Chasing a dream as I go higher
Playing it mean, my heart's on fire
Living my life, ain't no pretender
Ready to fight with no surrender
I'm chasing a dream as I go higher
I'm playing it mean, my heart's on fire
I'm living my life, ain't no pretender
Ready to fight with no surrender

terça-feira, 8 de maio de 2018

Em uma tarde chuvosa e tristonha de domingo, o telefone toca(não, esta não é uma história romântica e feliz)


Os caros leitores lembram-se de um amigo deste escriba divorciado, pai de dois filhos, que protagonizou algumas postagens desta tranqueira? O  homem por volta dos quarenta anos que tenta equilibrar os papéis de pai dedicado e sujeito com direito a ter uma vida amorosa pós-divórcio? Lembram-se dele, caros leitores? Lembram-se que ele, quase sempre e invariavelmente, se dava mal em suas infindáveis tentativas de manter esses dois aspectos de sua vida em equilíbrio? Pois então, acompanhem a última desventura vivida por ele, a qual, segundo o próprio, o levará a rever e mudar certas práticas de sua vida pouco afortunada...
Domingo, bem no início da tarde, uma tarde cinzenta, chuvosa e tristonha, aliás. Estava o protagonista desta postagem na casa de sua atual, hã, acompanhante, parceira, chamem como quiser, pois ele, devido às inúmeras porradas que tomou nos últimos anos, resiste imenso a chamar as mulheres com quem se relaciona de namoradas. Podemos condená-lo por isso?
Não bastasse sua atual acompanhante não se empolgar em acompanhá-lo ao almoço de aniversário da esposa de um grande amigo dele, amigo de muitos e muitos anos, eis que seu celular toca e um de seus filhos não perde um segundo para questioná-lo se ele se esqueceu que havia um evento obrigatório e sensacional promovido pela escola em que ambos estudavam, evento que claro, ele tinha se esquecido e que se desenrolava naquela exata tarde. E claro que o filho disparou as chantagens emocionais que os filhos, principalmente os filhos de um pai que cometeu o crime de se separar da querida mamãe das crianças, sempre disparam. Tudo ficou escuro na frente do sujeito, que viu-se em um entrevero sem solução. Atordoado, balbuciou  algumas palavras perdidas e inseguras, que fizeram o filho, também atordoado, supor que o pai não compareceria, e reagir simplesmente se despedindo com palavras secas e desligando o aparelho para espanto de seu progenitor.
Os leitores são capazes de imaginar o desalento que dominou o sujeito? Eu também não.
Após uma rápida conversa com sua companhia, que se mostrou a um só tempo compreensiva e aliviada e anunciou que não o acompanharia em sua jornada, ele ligou para o telefone da adorável mamãe de seus filhos, que como sempre o tratou como uma fusão de imbecil que cai em qualquer lorota e canalha desprezível  e afirmou que os dois filhos estavam tristes, pois em uma festa com a presença de mais de cem crianças e adolescentes eles seriam os únicos sem papai presente. Meu amigo respirou fundo, acalmou-se, não invocou os poderes dos maiores ferozes demônios do inferno para castigá-la (bem, ele não faria isso de modo algum, pois como eu é um ser racional e ateu convicto), pediu o endereço do evento imperdível e saiu em uma louca jornada cidade afora. Saiu dos extremos da zona oeste, depois do campus da USP, atravessou a cidade coberta de garoa para alcançar um ponto da zona sul não distante do Jardim Zoológico, e adentrou o salão de festas de um clube de bairro de classe média decadente e posuda, onde acontecia a tal festa para angariar fundos para a festa de formatura da escola. Após receber os abraços e atenção de suas crias, circular com eles para lá e para cá, pagou (caro) pela comida que era servida e esperou. E esperou. E esperou pela refeição, que nunca surgia. E o escoar do tempo lembrava, inclemente, que era esperado em outro evento, nos calcanhares-de-judas da zona norte. Assim, ele não vê outra solução e cobra a refeição pela qual pagou, há quase uma hora, para os voluntários que trabalham no tal evento. Nesse momento ele descobre que a adorável mamãe de seus filhos trabalha na cozinha como voluntária, controlando a preparação dos pedidos que chegam...Logo a comida é posta diante dele, que não consegue reprimir sua imaginação, especula o que colocaram naquela mistura. Nesse  instante ele cogita se iniciar na arte do jejum voluntário, mas diante dos olhares de seus filhos, ansiosos por ele prestigiar a festança, ataca o conteúdo do prato com furor e logo após parte o mais rápido possível para os extremos do norte da cidade, cidade que continua toda coberta por uma capa de cinza, garoa e pasmaceira.
Após enfrentar hordas de domingueiros desastrados e selvagens no trânsito, alcançou os estertores de uma das mais longas avenidas da zona norte, já nos arrabaldes da serra que domina essa região de São Paulo. Procura, procura, nada do prédio descrito por seus amigos como local da comemoração. Irritado e cansado, telefona para os anfitriões e descobre que está na extremidade errada da avenida, o local da festa situa-se no primeiro quarteirão desta, a mais de dois quilômetros de distância!
Mas uma vez lá, um pouco de merecido repouso e alívio: encontra-se entre amigos de muitos anos, ninguém nesse grupo julga ou condena os demais, todos são compreensivos, fraternais; a bebida corre solta e meu amigo manda o juízo às favas e trata de se embebedar, ou quase isso; a comida é farta, saborosa - e confiável. Após quase duas horas  de pura alegria, seu telefone celular toca mais uma vez. É sua atual companhia feminina, que com a voz lânguida e irresistível que só as mulheres possuem, pergunta se ele ainda vai se demorar por lá, pois já está 'com saudades dele, rolando na cama...' E lá se vai o intrépido desbravador dessa miscelânea de horror, tédio e mentiras que é a vida adulta mais uma vez rumo aos fundos da zona oeste, assim completando sua saga dominical São Paulo afora.
Encerro esta postagem com o comentário espirituoso com que meu amigo terminou a narração de sua aventura: "Cara, me senti uma daquelas aves - gansos, patos - que são mostrados nesses documentários de vida animal, que migram milhares de quilômetros, em bando. Me senti como um deles, que se perdeu dos outros e ficou para lá e para cá, como um idiota, debaixo de neve e chuva, atrás do grupo!"

Nada mais a acrescentar,

Saudações canalhas e cafajestes